PCF - Pequenas Comunidades de Fé
A transformação dos ambientes através das PCFs
A transformação dos ambientes através das PCFs: objetivo final do MCC. A meta do Movimento dos Cursilhos de Cristandade é fazer germinar o Reino de Deus nos ambientes, através dos núcleos de evangelização (Pequenas Comunidades de Fé).
Chegamos ao elemento principal, o eixo do Movimento, a “PEQUENA COMUNIDADE DE FÉ” (PCF), que já foi chamada de “NÚCLEO DE COMUNIDADE AMBIENTAL” (NCA) ou, simplesmente, “NÚCLEO AMBIENTAL”… • O nome não importa tanto, mas sim a existência de pessoas organizadas em uma pequena comunidade que, a partir da fé, num determinado ambiente, trabalham pela transformação e fermentação evangélica daquele espaço vital.
É essencial entender a PCF como um sol que ilumina o caminho, as escolhas, os passos do Movimento. • Tudo deve ter como referência principal a PCF. • O que desviar disso pertence a outro movimento, outro grupo ou outra associação. • A identidade do Movimento é a PCF, pois é para isso que ele existe.
O Espírito nos presenteia com a Graça, para nos dar força de não desistir dessa meta. • Pode vir uma dificuldade enorme, mas a gente não desiste nunca! • A gente só precisa ter a certeza da meta e canalizar todas as nossas energias para realizá-la.
Olhemos a nossa realidade: • Tanta diversidade, tanta violência, tanto sofrimento… • tanta miséria que fere o coração humano, mas fere muito mais o coração de Deus!
Olhemos nossa condição: • nossa fraqueza, nossas limitações… somados ao peso da realidade, dá-nos uma sensação de impotência. • Mas, se confiamos em Deus e na ajuda dos irmãos, poderemos fazer alguma coisa sim!
• Temos a convicção de que somente através das PCF é que conseguiremos alguma mudança: –na vida pessoal, –na vida comunitária –e na vida social.
• A condição necessária é estar repletos do Espírito Santo. • “Repleto” vem da palavra grega “pleró”, que significa: absolutamente cheio, continuamente cheio, sem nunca poder se esvaziar.
• Às vezes não colhemos os frutos da plenitude do Espírito Santo em nós, porque nos acostumamos com “gotinhas” de alguns “momentos espirituais”, marcados, muitas vezes, por pura agitação emocional: –muito barulho, danças, cantos, falações, gritos, palmas… –e pouca profundidade e, ainda, menos responsabilidade!
Como surgiu a ideia da PCF?
•Desde as origens, o Movimento deseja ser sempre vivo e dinâmico, com a Graça de Deus e a inspiração do Espírito Santo.
• Uma das provas desse esforço é o empenho que tem feito para manter o ardor no pós-cursilho. • Faz mais de 30 anos que se começou a detectar, nos instrumentos disponíveis para desenvolver o pós-cursilho, um certo desgaste, uma diminuição na sua eficácia.
•O modelo inicial oferecido era chamado de “reunião de grupo”.
• Não vamos nos deter em explicar o que era a “reunião de grupo”, mas, apenas, reconhecer que, aos poucos, ela foi deixando de funcionar como “plataforma de lançamento dos cristãos nos ambientes e no mundo”. • De fato, as pessoas acabavam se reunindo para – ler o Evangelho, – tirar uma mensagem, – contar aos outros o seu “momento mais próximo de Deus” naquela semana, – planejar sua “ação apostólica” (atuação em uma pastoral, dentro de sua paróquia) – e… tomar um cafezinho.
• Por mais que isso ajudasse na santificação individual, a análise da realidade mostrava que se faziam muitos cursilhos, havia muitas reuniões de grupo, mas o fermento do Evangelho pouco atingia os ambientes!
16. • A convivência na reunião de grupo não estava, como se esperava, levando os cursilhistas “para fora”; ao contrário: estava correndo o risco de torná-lo intimista e, assim, esvaziar-se, como se a reunião de grupo, por ser simples meio, pudesse se tornar o fim, a meta do Movimento. • Trocou-se, pouco a pouco, o meio pelo fim.
• Conscientes de voltar ao carisma original, após madura e consistente reflexão, surgiu a ideia do “Núcleo de Comunidade Ambiental” (NCA), depois denominado de “Pequena Comunidade de Fé” (PCF). • Desde então, essa meta tornou-se, ao mesmo tempo, um desafio e um obstáculo.
• Tem sido um desafio para os responsáveis, que desejam sinceramente levar o Movimento de Cursilhos a atingir, de modo profundo, sua finalidade última, que é evangelizar o ambiente. • Tem sido um obstáculo para aqueles que, por um sem-número de razões, resistem a assumir esse compromisso característico do MCC no pós-cursilho.
O que entender por “ambiente” ?
• A cartilha do GEN responde: “conjunto de circunstâncias nas quais o homem vive e se realiza” e ainda: “de preferência extraeclesiais: família, profissão, associações de classe, de bairro etc.”. • Refere-se, principalmente, à realidade na qual a pessoa já está inserida, pela atividade que exerce, ou projeta se inserir, em virtude de um chamado específico.
• Os “ambientes” preferenciais do Movimento são aqueles espaços e situações que reúnem as pessoas não atingidas pela evangelização, pela pastoral ordinária das Paróquias.
• Cabe precisar que a palavra “Evangelho” significa “Boa Notícia”. • Assim, evangelizar é anunciar a “Boa Notícia” do que Jesus disse e fez para a salvação de todos, para que ela se torne “Boa Realidade” na prática do dia-a-dia, qualificando os relacionamentos entre as pessoas. • É, exatamente esta, a finalidade da PCF: transformar pessoas e ambientes. • No ambiente, devemos ter essa meta.
• Esse objetivo, fruto de nossa escolha consciente, é determinado pelo mesmo sentimento que teve Jesus, vendo as multidões “cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9,36), ou seja, a compaixão.
Para analisar o ambiente: 1. Quais as ideias que são mais comuns entre as pessoas ali? 2. Quais os valores que comandam o comportamento das pessoas? 3. Quais as atitudes são as mais comuns nesse meio? 4. Na hora de tomar decisões, quais os critérios que norteiam essas decisões? 5. Quais os problemas que afetam a maioria? 6. Quais as angústias, os medos, as aspirações das pessoas? 7. Quem tem vontade de mudar a situação? O que querem mudar? Por quê?
Fazendo acontecer a PCF
O início e sua ampliação • A célula inicial, um pequeno grupo de cursilhistas, ou, até mesmo, um sozinho, ao descobrir sua vocação de “fermentar evangelicamente seu ambiente”, vai perceber que, para transformá-lo, precisa buscar outras pessoas (não só cursilhistas e, talvez, não só católicos) com as quais compartilhe ideias, valores, atitudes e que, além disso, também manifestem inquietude e compaixão em relação ao mundo que os rodeia.
• Esse núcleo pequeno vai, como todo grupo humano, crescer, amadurecer e compactar-se…, consegue conhecer as pessoas e descobrir suas inquietudes, valores, atitudes, desejos etc. • Quando tiver conseguido sua amizade, pode propor a elas nosso ideal, com esperança de êxito.
28. O processo de crescimento desse núcleo poderá ser observado em três passos: 1) Detectar – o núcleo inicial de cursilhistas detectará, em seu ambiente concreto, as pessoas que possuam a inquietude e a compaixão de que já falamos; 2) Motivar – o núcleo inicial colocará para essas pessoas suas próprias inquietudes, a fim de melhorar, entre todos, o nível de vida integral no seu ambiente; 3) Atuar – à medida que o núcleo vai se formando e mentalizando, deverá atuar de tal forma que os valores do Evangelho passem a impregnar o ambiente e transformá-lo.
• Para que isso aconteça, os membros do núcleo inicial precisam estar profundamente convencidos de sua responsabilidade cristã de transformar o ambiente e que a PCF é o meio para consegui-lo.
• É preciso auscultar o ambiente e investigar de onde provêm as ideias, os valores e as atitudes que caracterizam o ambiente e quais as pessoas que os promovem. • É necessário diagnosticar os líderes de quem convém acercar-se e conquistar para a causa do Evangelho.
• Para motivar as pessoas, temos que oferecer um testemunho de vida que as convença e atraia, um testemunho de responsabilidade, preocupação pelos demais, honradez, autenticidade, sinceridade, espírito de serviço etc. • Temos que apresentar com convicção as próprias inquietudes, comunicar as ideias. “Se alguém lhes pede, estejam sempre dispostos a dar explicações sobre a esperança que vocês têm” (1Pd 3,15).
• É indispensável que peçamos colaboração ou ajuda para elaborar um plano de ação, a fim de trabalhar juntos na transformação ambiental. • Quando, onde e a frequência em que a PCF se reúne deve ser determinada pelo grupo. • De preferência, não se deve reunir no local de trabalho, quando isso puder marcá-lo ou torná-lo alvo de antipatia dos demais.
• O que é mais importante: a comunidade ou a reunião? –A reunião é necessária, mas a comunidade é mais importante que a reunião. • Como o Evangelho desinstala e incomoda, é a presença-testemunho, a presença-fermento, a presença-incômodo do grupo que leva à transformação.
Textos bíblicos para iluminar • Vamos colocar em comum o resultado de nossas observações sobre nosso ambiente, lendo Romanos 1,28-31 e Romanos 12,9-13 • e, após a leitura, vamos analisar as causas dos contrastes ou semelhanças, entre as atitudes que você observou em seu ambiente e o que lemos na Carta aos Romanos.
O preparo espiritual à PCF
O Cursilhista como agente transformador • No cursilho, o encontro do cursilhista consigo mesmo e com Cristo visa à conversão pessoal, a transformação da própria pessoa. • Nesse evento, ele é investido e revestido da missão de transformar os ambientes, mesmo percebendo o tamanho do desafio.
• Logo após, os mais próximos dele, familiares e colegas, percebem as mudanças em suas atitudes. • Então, ele deve apresentar a razão disso, a causa e o porquê da mudança, sendo esse o primeiro ato evangelizador e o começo de uma proposta transformadora.
• Desta forma, ele se torna agente transformador da sua própria pessoa e da realidade familiar. • Para se manter em tal atitude evangelizadora, deverá consolidar e aprofundar o processo de conversão pessoal, ativado pela compaixão de Cristo para com ele.
A importância do desenvolvimento e do crescimento da compaixão-misericórdia de Jesus
A COMPAIXÃO • Jesus aproximou-se das pessoas movido pela compaixão. • Qual compaixão? –Não aquela motivada por um sentido de pena e impotência, mas sim pela participação na dor, no sofrimento (como as dores de parto), visando ao novo, ao crescimento, sustentada pela esperança e alicerçada na certeza de que Deus é fiel e cumpre o que prometeu.
• É compaixão de caráter teológico-espiritual e não, simplesmente, a manifestação de um sentimento humano de pena. • Esta se esgota rapidamente, ao passo que aquela é fecunda e sustenta a fé. • Compadecer é “sofrer com”, “padecer junto”. • Ter compaixão é a virtude de compartilhar o sofrimento do outro, não significando aprovar suas razões, sejam elas boas ou más.
• Ter compaixão é não ficar indiferente frente ao sofrimento do outro; é sentir-se como se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas pela outra pessoa. • Os textos: Marcos 6,34; Mateus 18,25-27.32-35; Lucas 7,13-14; 10,33-35; 15,20-24 … ajudam a entender o que suscitou a compaixão de Jesus e suas características.
Em primeiro lugar, vemos que Jesus é movido pela compaixão, quando percebe nas pessoas: • A dor, o sofrimento e a necessidade de devolver a elas a saúde, a autoestima e a dignidade; • A expectativa cheia de confiança das pessoas manifestada na súplica perseverante, persistente e corajosa; • O peso causado pelos próprios erros e a humilhação imposta pela sociedade para com eles.
• A compaixão de Jesus pelo povo se manifestava quando Ele percebia que as pessoas estavam cansadas e desanimadas, perdidas e sem esperança. • Jesus se comovia ao sentir que, por faltar ao povo um guia, um rumo, as pessoas se sentiam excluídas e marginalizadas.
• Então, a compaixão de Jesus era fruto da proximidade dele com o povo, caminhando junto com as pessoas, deixando se tocar e sentindo o sofrimento delas. • Colocando-se junto, Ele sentia que toda pessoa era digna de nova chance, de novas oportunidades.
A MISERICÓRDIA • Em Jesus, a compaixão é associada à ação inteligente e ativa da misericórdia. • Com efeito, o termo significa “coração voltado para o resgate do miserável”. • Resgate que não é só perdão, mas reintegração na dignidade anteriormente desvalorizada, como indica a parábola do “pai e seus dois filhos” (Lc 15,11-32).
• Cristo, que conhece as profundezas do amor do Pai, nos revela o abismo da misericórdia de “Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou” (Ef 2,4), indo até o ponto de entregar o seu próprio Filho.
• Tomar conhecimento desse abismo é algo surpreendente. • Por exemplo: se você cai em um abismo com profundidade de 10 m, ele se coloca mais abaixo, numa profundidade de 20 m, para te acolher, sem julgar, sem reclamar, sem cobrar, sem desvalorizar... e, assim, por diante. • Jesus faz sua a vontade do Pai: “Eu quero misericórdia (…) vim para chamar os pecadores” (Mt 9,13).
• Misericórdia que abrange até os inimigos: “Façam o bem aos que odeiam vocês. Desejem o bem aos que os amaldiçoam e rezem por aqueles que caluniam vocês (…) sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,27-28.36). • Assim, a condição de repletos do Espírito Santo se manifesta em perseguir o objetivo da PCF nos trilhos da compaixão-misericórdia. • A lei do Espírito Santo, que é “Senhor que dá a vida” (Credo), é a lei no interior da pessoa renovada e transformada pela fé que permitiu experimentar, em si mesma, a compaixão-miseriórdia de Cristo.
• É essa experiência prévia que motiva, capacita e sustenta a ação evangelizadora da PCF. • Mais profunda é a experiência e mais firme e determinada é a vontade de perseguir o objetivo, a meta da PCF.
A resistência e obstáculos humanos ao seguimento e desenvolvimento da compaixão-misericórdia “Os desejos e instintos egoístas levam à morte (…) os que vivem segundo os instintos egoístas não podem agradar a Deus (…) Se vocês vivem segundo os instintos egoístas, vocês morrerão” (Rm 8,8.13).
A força dos obstáculos e o crescimento da resistência devem-se a diferentes fatores, entre eles: 1. O medo do compromisso. 2. O prevalecer do comodismo. 3. O domínio do egocentrismo.
• ou seja, ter que rever os planos, gastar o próprio tempo, estar sujeito a exigências imprevisíveis, receber respostas decepcionantes e eventuais prejuízos financeiros… • Outro tipo de medo é devido à insegurança e ao fato de não saber como dar o primeiro passo, de não saber por onde e como começar ou da vergonha de testemunhar a própria fé. • Outro medo, ainda, é o de interferir na realidade do outro, no sentido de “violentar” o outro; de intervir naquilo que não nos diz respeito; das eventuais reações de indiferença, rejeição ou, até, violência. 1º) O medo do compromisso,
• por assumir hábitos, esquemas, costumes sociais e culturais preestabelecidos (“É assim mesmo!”…; “Todos fazem assim!”…; “Todos são assim!”...; “Sempre foi assim!”…), por falta de um pacto de fidelidade, acostumados a falar e não assumir, por aguardar que outros tomem a iniciativa. 2º) O prevalecer do comodismo
• manifestado na preocupação em acumular bens materiais para si próprio, no fechamento dos horizontes, interesse e sensibilidade nos âmbitos familiares e dos amigos, na procura do prazer pelo prazer, no colocar pessoas e eventos ao próprio serviço e ter sobre eles domínio e poder. 3º) O domínio do egocentrismo,
A compaixão-misericórdia • é o fruto amadurecido de tudo o que está sendo proposto neste retiro: da qualidade da escuta, da vitória sobre os medos, da superação do egoísmo para um “eu” sadio, aberto, capaz de tornar próximo as pessoas da PCF, da determinação positiva no seguimento de Cristo.
O método de trabalho • A PCF é o broto do Reino, é o germinar, o fazer crescer o Reino de Deus. • O futuro de Deus já se torna próximo pela atitude da pessoa guiada pelo Espírito Santo e pela prática dos valores éticos e, principalmente, os valores da partilha, da justiça, solidariedade, sinceridade e fraternidade. • Daí, o plano de ação com o método “ver – julgar – agir – avaliar”.
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