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CARTAS MENSAIS

Carta MCC Brasil – Janeiro 2016 (197ª.)

“Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então

, a vossa recompensa será grande. Sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso também

para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”

(Lc 6, 35-36).

 

Muito queridos irmãos e irmãs, iniciando um novo ano, desejo que estejam com todos vocês a graça, o amor e a infinita misericórdia do Pai, testemunhada por Jesus Cristo e fortalecida pelo Santo Espírito!

1. Reinício da peregrinação cristã no caminho aberto por Jesus. Neste ano que desponta, com muita gratidão ao Deus da vida e à atenção e carinho dos pacientes leitores e leitoras, estamos dando sequência aos nossos encontros mensais através destas Cartas. É sempre oportuno lembrar que, peregrinando nesta vida (cf. 1Pd 1, 17; 2,11), nós, cristãos, queremos fazê-lo no caminho aberto por Jesus. Num momento de tantas incertezas e de falsas promessas, de tanta agitação e desespero, de tanta violência e ódio, retomemos nossa árdua caminhada que, aliás, é uma autêntica peregrinação. Caminhemos, não abatidos ou desanimados por estas e outras circunstâncias cada vez mais distanciadas do projeto de Deus, mas com os olhos fixos em Jesus: “Portanto, com tamanha nuvem de testemunhas em torno de nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva à perfeição” (Hb 12, 1-2a).

2. Nossa peregrinação estará iluminada pela Misericórdia. Olhos fixos em Jesus quer dizer olhos fixos na misericórdia por Ele anunciada como Reino de Deus e por Ele praticada como enviado do Pai misericordioso. Então, é com o coração cheio de esperança que recebemos da boca e do coração do papa Francisco a maravilhosa notícia da celebração do Ano Santo da Misericórdia ou JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA anunciado pela Bula pontifícia “Misericordiae vultus” (MV), ou “O rosto da misericórdia”, de 11 de abril do corrente ano, e que teve seu início no dia 08 de dezembro e vai até o dia 20 de novembro de 2016. Não nos cansemos de agradecer a Deus esse presente e rezemos muito pelo papa Francisco, autêntico pastor com “cheiro de suas ovelhas”, como ele mesmo diz e tão sensível em orientar a Igreja “em saída” para as “periferias existenciais” tão necessitadas – aliás, como todos nós – da misericórdia do Pai.

Sugestão para reflexão pessoal e/ou em grupo.  No início do ano, todos traçam projetos de vida e nutrem tantas esperanças de que ele seja feliz: “Feliz Ano novo” é a nossa saudação habitual, ainda que, lá no fundo, seja apenas formal, destinada somente a agradar... Reserve, pois, alguns minutinhos, meu caro leitor, minha cara leitora, para uma reflexão mais responsável sobre este ano que se inicia. Se você está partilhando com seu grupo ou comunidade, perguntem-se todos os seus integrantes qual o pano de fundo sobre o qual vai desenvolver-se este novo ano. Será ele iluminado pela luz de Cristo? Será ele marcado pela misericórdia e pelo perdão? Terá mais significado na vida de todos o pedido feito no final do Pai Nosso: “perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”?

3. “O rosto da misericórdia” e a Porta Santa.  Como foi dito na Carta anterior, não há a intenção de detalhar aqui todo o documento. Basta-nos lembrar que está desenvolvido em tão somente 25 parágrafos – todos eles profundamente densos e marcados pela dimensão da infinita misericórdia de Deus Pai. Acreditamos, porém, que vale a pena ressaltar alguns dos aspectos mais oportunos no contexto desta Carta.

Um primeiro aspecto refere-se à importância da Porta Santa aberta pelo papa Francisco na Basílica de São Pedro, no dia 08 de dezembro, início do Ano Santo, privilégio que o Papa concede aos Bispos do mundo inteiro, que poderão abri-la nas Catedrais e Santuários que designarem (MV 3). Ao presidir a celebração de abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, ato que acontece apenas durante um Jubileu, o Santo Padre enfatizou seu desejo para a vivência deste ano. "Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que nos busca, que vem ao nosso encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia. Que grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando afirmamos, em primeiro lugar, que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor, diversamente, que são perdoados pela sua misericórdia", disse Francisco na homilia da missa, antes do rito de abertura da Porta Santa.

Um outro aspecto importante, sobretudo no que se refere à prática da oração durante este Ano, está no parágrafo 7, no qual se ressalta a necessidade de uma oração nascida da própria Palavra de Deus nos Salmos de misericórdia, enfatizando o Salmo 136. “Eterna é a sua misericórdia”: esse é o refrão que aparece em cada versículo do Salmo 136, ao mesmo tempo em que se narra a história da revelação de Deus.

 

Sugestão para reflexão pessoal e/ou em grupo.  Já na Carta de Dezembro último, sugere-se a oração mais frequente dos Salmos da misericórdia – e são numerosos – durante todo este Ano. Com o mesmo objetivo, por que não se informar na Diocese ou na Paróquia em que igrejas está aberta a Porta Santa da Misericórdia, organizando pequenos grupos de peregrinos ou individualmente para atravessá-la como pede o Papa? Porque aquela “Será, então, uma Porta da Misericórdia, em que qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança” (MV 3).

4. A prática da misericórdia durante o Ano Santo (MV 15). A longa caminhada da prática da misericórdia tem início na conversão pessoal: mente, coração, mãos. Conhecemos a tradição das Obras de misericórdia que são precioso instrumento de conversão para a autêntica misericórdia. Pois, sua origem não é outra senão as Bem-aventuranças proclamadas por Jesus no alto da montanha (Cf. Mt 5, 1-2; Lc 6,20-26). Trazendo-as para nossa prática aqui vão transcritas. Segundo antiga tradição da Igreja, são catorze as Obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais. As corporais: 1) Dar de comer a que tem fome; 2) Dar de beber a quem tem sede; 3) Dar pousada aos peregrinos; 4) Vestir os nus; 5) Visitar os enfermos; 6) Visitar os presos; 7) Enterrar os mortos. As espirituais: 1) Ensinar os ignorantes; 2) Dar bom conselho; 3) Corrigir os que erram; 4) Perdoar as injúrias; 5) Consolar os tristes; 6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7) Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Conclusão. Não poderíamos concluir esta Carta sem a lembrança de Maria feita pelo Papa na MV (24): “O pensamento volta-se agora para a Mãe da Misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus. Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor.

Escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus, Maria foi preparada desde sempre, pelo amor do Pai, para ser Arca da Aliança entre Deus e os homens. Guardou, no seu coração, a misericórdia divina em perfeita sintonia com o seu Filho Jesus. O seu cântico de louvor, no limiar da casa de Isabel, foi dedicado à misericórdia que se estende “de geração em geração” (Lc 1, 50). Também nós estávamos presentes naquelas palavras proféticas da Virgem Maria. Isto nos servirá de conforto e apoio no momento de atravessarmos a Porta Santa para experimentar os frutos da misericórdia divina.

Ao pé da cruz, Maria, juntamente com João, o discípulo do amor, é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de Jesus. O perdão supremo oferecido a quem O crucificou, mostra-nos até onde pode chegar a misericórdia de Deus. Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém. Dirijamos-Lhe a oração, antiga e sempre nova, da Salve Rainha, pedindo-Lhe que nunca se canse de volver para nós os seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, seu Filho Jesus”.

Renovando meus votos de um novo ano – o Ano Santo – fecundo e misericordioso como foi “Jesus Cristo, o rosto da misericórdia do Pai”, abraço a todos muito fraternalmente

Pe. José Gilberto BERALDO

Equipe sacerdotal do GEN

E-mail: jberaldo79@gmail.com

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